Reportagem na Revista Exame (Março 2021)
Um dia de Covid-19 no grupo clara saúde
Principal laboratório do Grupo Clara Saúde, realiza atualmente cerca de dois a três mil testes de Covid-19 e prepara-se para expandir a sua capacidade com novos equipamentos
O Labocentro é um dos principais laboratórios de análises clínicas do país, com uma capacidade atual para realizar entre cinco e sete mil testes diários para detetar o vírus responsável pela Covid-19. Todos os dias são feitas, para além das colheitas tradicionais para análises clínicas, milhares de colheitas nasofaríngeas, para realizar testes de deteção do vírus no laboratório, em dezenas de postos do Grupo Clara Saúde e de parceiros, um circuito que se inicia bem cedo e termina nesta unidade onde se trabalham 24 horas por dia para responder às solicitações e necessidades atuais do País. Tudo começa bem cedo pela manhã, como nos explica André Santos, diretor científico do Grupo Clara Saúde. Estes são os principais passos da operação diária do laboratório:
A recolha
Todos os dias são feitas milhares de colheitas nasofaríngeas nas dezenas de unidades de recolha do Grupo Clara em Portugal continental e no Labocentro Açores.
Os cuidados especiais
Em todas as unidades de colheita foi criado um espaço específico para as colheitas de testes de Covid-19, que obedece a todas as regras de segurança e aos cuidados de limpeza e desinfeção estabelecidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS), onde os profissionais da casa, devidamente vestidos com equipamentos individuais de proteção (EPI), fazem as colheitas, que colocam em tubos especiais, onde os vírus são inativados.
A área de receção do Labocentro também foi adaptada para assegurar as condições de segurança dos profissionais e dos utentes.
Transporte
As amostras recolhidas no laboratório central e nos outros centros de recolha da organização e dos seus parceiros são colocadas em contentores específicos, desinfetados, que são transportados em malas térmicas até ao Labocentro.
Triagem
No interior do laboratório, todos os tubos (cerca de três mil diários, só para testes de Covid-19) são, primeiro, processados na triagem, que usa equipamentos automáticos de leitura ligados ao sistema informático do Labocentro, o que permite integrar simultaneamente todas as amostras e ter um sistema de rastreabilidade a funcionar, essencial para se saber, em qualquer momento, onde é que cada uma está e em que fase de processamento. O sistema de triagem separa-as pelos seus destinos, que dependem do tipo de análises que têm de ser efetuadas. Se forem de Covid-19, vão para o sector de Biologia Molecular. Se forem outras, para as secções respetivas.
Extração e amplificação
Depois de saírem da triagem, os materiais recolhidos nos tubos nasofaríngeos podem seguir dois destinos: os circuitos RTPCR ou o RTPCR rápido. O Labocentro também realiza testes de antigénio, que são menos solicitados que os outros dois.
CARLOS CLARA, FUNDADOR DO GRUPO CLARA SAÚDE
Circuito RTPCR
A maior parte das amostras nasofaríngeas recolhidas segue o circuito da RT-PCR convencional, que permite trabalhar várias dezenas de amostras em simultâneo. O Labocentro, que se encontra atualmente a laborar por turnos, 24 horas por dia, tem capacidade para realizar entre cinco e sete mil testes diários. O processo envolve a extração e amplificação do RNA mensageiro do vírus, para permitir a sua identificação, ou a sua ausência, em cada uma das amostras. O processo demora cerca de 24 horas, entre a colheita nasofaríngea e a entrega dos resultados.
Circuito RTPCR Rápido
O processo de extração e amplificação é realizado no mesmo equipamento, o que permite que seja muito mais rápido e que os resultados sejam obtidos e comunicados no mesmo dia. Como só pode ser analisada uma amostra de cada vez, esta via só é usada para responder a casos urgentes.
O Grupo Clara Saúde
Fundado em 2010 por Carlos Clara, Ex Diretor do Serviço de Patologia Clínica do Hospital do Barreiro, o Grupo Clara Saúde tem hoje cerca de 30 clínicas, laboratórios e centros de imagiologia em Portugal Continental e nos Açores.
As primeiras aquisições decorreram logo a seguir à crise financeira, conta Carlos Clara. Seis anos depois o Grupo já detinha 20 unidades. Com uma pós-graduação em Gestão na Universidade Católica de Lisboa, o que lhe permitiu ter os conhecimentos necessários para definir o rumo a tomar e a forma de o percorrer, decidiu que tinha chegado o momento de organizar a empresa de forma mais profissional. Depois de ter saído do hospital onde trabalhava, deu os passos necessários para a criação do Grupo Clara Saúde, incluindo a sua missão, visão e objetivos. A sua principal atividade atual são as análises clínicas e os exames de imagiologia. Entre os serviços que presta estão também as análises de anatomia patológica e as clínicas médicas de ambulatório.
Para Carlos Clara, o que distingue o grupo que fundou, para além da proximidade aos utentes, é a sua aposta na investigação científica. “É ela que guia o nosso desenvolvimento”, defende. Explica que a sua organização está envolvida em estudos realizados no âmbito do Alma Science, laboratório colaborativo que se dedica à investigação científica aplicada. Também está a realizar estudos para encontrar formas diferentes de colheita de amostras para deteção da Covid-19, sem utilização da zaragatoa, e a criar “um passaporte covid que permita às pessoas terem um dispositivo com toda a informação sobre a sua imunidade, para ser apresentado onde o solicitem, seja num restaurante, num tribunal ou numa fronteira”, explica o fundador do Grupo Clara Saúde.
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4 de Março 2021